O mercado brasileiro de quadrinhos impressos apresentou um crescimento significativo, passando de 2.130 títulos diferentes em 2021 para 2.262 em 2022, uma alta de 6,19%. Esses dados são parte do “Relatório Quadrinhopédia do mercado editorial brasileiro de quadrinhos (2021-2022)”, elaborado por Lucio Luiz e divulgado neste mês.

Objetivos do Relatório: O documento visa gerar levantamentos quantitativos das publicações de quadrinhos no Brasil, criando um registro histórico do mercado. A pesquisa destaca a falta de dados quantitativos detalhados, o que dificulta a análise para acadêmicos e profissionais que desejam desenvolver o setor editorial no país. O estudo brasileiro foi inspirado pelo “Rapport Sur la Production d’une Année de Bande Dessinée Dans l’Espace Francophone Européen”, que trazia um levantamento detalhado da produção de quadrinhos na Europa francófona.

Domínio da Panini Comics: Um dos pontos destacados no Relatório é a predominância da Panini Comics, uma editora italiana que publica material da Marvel, DC e parte dos gibis da Mauricio de Sousa Produções (MSP). Em 2022, a Panini detinha mais de 50% do mercado, com títulos como Planet Manga (17,2%), Marvel (15%), DC Comics (11,6%) e MSP (7,9%). O relatório ressalta que os dados referem-se à quantidade de títulos e não às tiragens, uma vez que a maioria das editoras não divulga essa informação.

Outras editoras no cenário: A Mythos ocupa o segundo lugar, com 6,4% dos títulos, enquanto a JBC, especializada em mangás, possui 4,9% do mercado. Outras editoras, como Culturama (4,2%) e New Pop (2,9%), apresentam percentuais abaixo de 5%. A Pipoca&Nanquim, que surgiu a partir de um canal no YouTube, é notável por sua dedicação a autores pouco publicados no Brasil e por reviver obras nacionais.

Títulos nacionais em destaque: O relatório também analisou a quantidade de títulos nacionais publicados, revelando que a Panini domina esse segmento com 42,6% do total, principalmente devido aos gibis da Turma da Mônica. Ao longo dos dois anos analisados, 71 editoras lançaram ao menos um título brasileiro, em comparação a 51 que publicaram títulos dos Estados Unidos.

Editoras focadas em material nacional: Nove editoras que lançaram 10 ou mais títulos entre 2021 e 2022 se concentraram exclusivamente em material nacional, destacando-se a Criativo (4,3%), que republica obras clássicas, e a Ink&Blood (2,5%), conhecida por publicações de clássicos de Rodolfo Zalla. A Ciranda Cultural também se destacou com 5,3% do mercado, oferecendo quadrinhos infantis acessíveis.

Conclusão: O “Relatório Quadrinhopédia do mercado editorial brasileiro de quadrinhos (2021-2022)” é uma realização da Quadrinhopédia, com o apoio da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (Aspas) e do Guia dos Quadrinhos, e representa um passo importante na compreensão e desenvolvimento do setor editorial de quadrinhos no Brasil.