Em 2022, o Brasil registrou a publicação de mais de 2,2 mil títulos de quadrinhos, refletindo um crescimento em relação a 2021 e sinalizando uma recuperação do mercado após a pandemia de Covid-19. Os dados são do Relatório Quadrinhopédia do Mercado Editorial Brasileiro de Quadrinhos, elaborado pelo quadrinista e pesquisador Lucio Luiz. Este relatório se propõe a mapear a produção impressa da nona arte no Brasil, excluindo publicações independentes.
Dominância da MSP: Uma análise dos dados revelou que 42,6% dos títulos publicados são da Mauricio de Sousa Produções (MSP), destacando a relevância dessa editora no cenário nacional. Em 2021, foram publicados 2.130 títulos, e esse número aumentou para 2.262 em 2022.
Tendências de preços: Os preços de capa dos quadrinhos também mostraram mudanças significativas. Observou-se um aumento na quantidade de títulos com preço acima de R$ 100, que subiu de menos de 6% para quase 10%. Essa tendência está relacionada ao aumento constante do custo do papel.
- Por outro lado, a maioria dos títulos com preços até R$ 10 é voltada para o público infantojuvenil, com gibis da Turma da Mônica (Panini) e Disney (Culturama) representando cerca de 75% desse segmento.
Diversidade nacional: Os dados indicam que, embora os títulos brasileiros representem apenas 20% do total de publicações, a produção nacional é relativamente equilibrada em comparação com as editoras, exceto pela Panini, que detém 42,6% dos títulos. A variedade de trabalhos publicados é destacada como um aspecto surpreendente, evidenciando as dificuldades enfrentadas por projetos editoriais no Brasil.
Origem dos títulos: Os Estados Unidos e o Japão são os principais países de origem dos quadrinhos no Brasil, seguidos pela Itália e França. A Panini lidera a publicação de títulos estrangeiros, especialmente os relacionados a super-heróis, respondendo por mais de 75% das publicações norte-americanas.
Desafios do mercado editorial: A concentração de publicações em poucas editoras, como a Panini, que abrange a maioria dos títulos de super-heróis e uma parte significativa das publicações da MSP, evidencia a fragilidade do mercado editorial brasileiro. Segundo Lucio Luiz, a maioria das demais editoras que publicam material nacional são independentes ou de pequeno e médio porte, tornando o cenário ainda mais desafiador para novos projetos editoriais.